RILKE: como se tornar um artista genuíno

com Edson Cruz

Para o crítico Otto Maria Carpeaux, Rainer Maria Rilke foi o poeta mais atual e permanente do século 20. Com certeza, um dos maiores em língua alemã. Sua compreensão e seriedade como poeta, sua dolorosa consciência do fazer poético como solução existencial, refletem-se em toda a sua obra e vida. Por meio de sua biografia, seus escritos em prosa, seus poemas emblemáticos e as inúmeras cartas que ele trocou com amigos e desconhecidos, mapearemos quais foram suas inquietações e as respostas artísticas, e sem concessões, que ele nos ofereceu.

Em suas cartas mais famosas, ao jovem poeta Franz Xaver Kappus (de 1903 a 1908), Rilke dá dicas preciosas para qualquer poeta ou artista. Mais do que falar sobre técnica, de como fazer versos, ele generosamente compartilha sua visão de como uma pessoa deveria cultivar, direcionar e organizar a vida se desejasse realmente ser poeta ou um artista genuíno. Sobretudo, como a pessoa deveria se posicionar perante a vida.

Abordaremos, com vagar cada um dos temas, o fundo de cena e as consequências inevitáveis de suas observações, sempre de olho em sua fatura poética.

Data: 17/10 a 5/12/24 (quintas-feiras)
Horário: das 19h30 às 21h30
Valor: 6x R$ 130,00, no cartão de crédito

Carga horária: 16 horas

Sobre o curso

Programa:

Aula 1
• Biografia de Rainer Maria Rilke (“alguém que brincava de boneca com os anjos).
• Rilke por Otto Maria Carpeaux.
• A relação com Lou Andréas-Salomé e Clara Westhoff (as mulheres de sua vida).
• Principais obras. Trechos de: “Livro de Horas”; “O livro das imagens”; “Elegias de Duíno”; “Sonetos a Orfeu”.
• Reflexões sobre A Primeira Elegia de Duíno.
• Reflexões sobre um dos Sonetos a Orfeu.

Aula 2
• Carta 1 ao Jovem poeta Franz Kappus.
• O poeta genuíno e o artista que busca reconhecimento.
• Aprender a olhar as coisas do mundo pela primeira vez.
• A intenção crítica e a análise do valor estético.
• O olhar crítico sobre a crítica.
• A dificuldade da tradução.
• Sobre organizar a vida em torno de sua vocação.
• A vida mundana é fatal para a ciência e para a arte.

Aula 3
• Relação de Rilke e Rodin.
• A pedagogia de Rodin. Trechos de sua monografia sobre Rodin.
• Apontamentos sobre “Os Cadernos de Malte Laurids Brigge”.
• Os “Dinggedicht”, poemas-coisa.
• Análise do poema “A Pantera” de Rilke em 3 traduções.
• João Cabral se rende aos Novos Poemas de Rilke.

Aula 4
• Reflexões sobre o poema “Torso Arcaico de Apolo”
• Correspondência com Lou Andréas-Salomé.
• Rilke na Rússia com Lou.
• Principais temas dos diálogos entre os dois.
• O impacto de Lou na obra de Rilke.
• Poema de Rilke a Lou Andréas-Salomé.
• A recusa de Lou de iniciar um processo analítico com Rilke.

Aula 5
• A religiosidade de Rilke.
• Deus como o vindouro.
• Poemas de Rilke que tematizam sua relação com a divindade.
• Sobre os anjos de Rilke e a inspiração poética.
• Sua relação com a Bíblia.
• Quem foi e o que significou a obra do poeta dinamarquês Jens Peter Jacobsen para Rilke.

Aula 6 • O amor e os temais gerais a serem evitados pelo poeta.
• A obra de arte como obra da necessidade.
• Sobre o domínio da ironia na obra.
• A obra de arte como algo inalcançável pelas palavras.
• Ser solitário como se era quando criança.

Aula 7
• A temporalidade própria da criação.
• A verdadeira arte é difícil. Khalepa Ta Kala (As coisas belas são difíceis, Platão).
• Na obra de arte todas as nossas faculdades entram em jogo.
• Evitar a facilidade. A estrada não percorrida (Robert Frost).
• A coragem de estar consigo próprio.
• Viver exige coragem. (Rilke e Guimarães Rosa)
• A coragem de estar consigo próprio.

Aula 8
• A arte como o acesso a outra forma de viver.
• Nas profundezas tudo se torna Lei.
• Os três tipos essenciais de encarnação humana.
• O tipo religioso.
• O tipo ético.
• O tipo estético.
• Ser artista significa: “não calcular nem contar; amadurecer como uma árvore...”

Bibliografia:

RILKE. Cartas a um jovem poeta. Porto Alegre: L&PM, 2016.
______ Cartas a um jovem poeta + A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke. Traduções de Paulo Rónai e Cecília Meireles. São Paulo: Globo, 1992.
RILKE; SALOMÉ. Correspondência. Tradução de Damnus Vobiscum. Clube de Autores.
RILKE. Poemas. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
RILKE. Coisas e anjos de Rilke. Tradução e comentários de Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 2013.
RILKE. Elegias de Duíno. Tradução e comentários de Dora Ferreira da Silva. São Paulo, Globo, 2001.
RILKE. Auguste Rodin. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2003.
RILKE. Teoría Poética. Prólogo, selección de textos y la traducción, F. Bermúdez-Cañete. Madrid: Ediciones Jucar, 1987.
RILKE. A melodia das coisas. (contos; ensaios; cartas). Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. São Paulo: Estação Liberdade, 2011.
RILKE. O testamento. Tradução de Tercio Redondo. São Paulo: Globo, 2009.
RILKE. Os Cadernos de Malte Laurids Brigge. Tradução de Renato Zick. Porto Alegre: L&PM.
RILKE. Carta sobre Paulo Klee. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Zahar.
RILKE. Cartas sobre Cézanne. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.

Professor

Edson Cruz

É poeta, editor e ensaísta. Com 12 livros publicados entre poesia, prosa, ensaio e infanto-juvenil. É mestrando em Escrita Literária na Universidade de São Paulo. Edita o site de literatura Musa Rara (www.musarara.com.br ).

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